terça-feira, 26 de dezembro de 2017

"TE CONTEI NÃO?" com Arthur Dohler Machado Fernandes

É tão tosco quanto impressionante dizer que o meu primeiro contato com meu editor foi acidente, trecho de filme. Certa vez, há dois anos, eu participei do primeiro congresso de escritores, o encontro de autores na região Sul-Fluminense. Eram três oficinas literárias: Ficção, fantasia, poesia. Entre tantos autores renomados, premiados e bem vestidos, lá estava eu. De bermuda, chinelos e com um borderô de originais na mão, e estavam furados. – Os originais, não os chinelos.

Eu havia me inscrito para a oficina de Fantasia, o gênero que havia adotado muitos anos antes como guia de carreira, mas um erro de matrícula me reservou um lugar em Poesia. Uma hora e meia de análises sintáticas, construções poéticas e afins. Ao fim, um exercício simples. Quatro versos no quadro, complete-os. Eu estava tímido, com mais furos na consciência do que nos chinelos, e mais furos nos trabalhos do que na consciência.

Me reuni à professora, Regina Vilarinhos, terminado sua palestra em um canto da sala, somando toda a timidez do mundo para entregar meu trabalho. Ela abriu um olhar de admiração tão grande que chegava a perfurar o papel mais do que os furos na minha consciência. “Nunca pare de escrever”. – Ela disse. Posteriormente, sua admiração pelo meu trabalho foi a ponte para o contato com a editora, o que veio depois, leitor, é uma história. E eu ainda não tenho a menor ideia de como termina.


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